Os implantes orais consistem numa realidade dentro do planejamento odontológico. Há aproximadamente duas décadas e meia, a implantodontia, vem ocupando a sua importância nos procedimentos clínicos operatórios empregados na odontologia, sendo talvez o fato mais importante neste último século em termos de prática clínica e que tem contribuído bastante com a vida diária do edêntulo, seja total ou parcial, devolvendo os aspectos estéticos, funcionais, biológicos e até mesmo, psicológicos dos pacientes.

Na maioria das vezes, as situações clínicas orais impossibilitam a colocação de implantes, decorrente da perda de um ou mais dentes ocorrem mecanismos de reabsorção óssea, que levam às deficiências ou atresias maxilares, resultando nos defeitos em altura e/ou espessura óssea, na área onde ocorreu a perda dentária. Além de ocorrerem alterações ósseas, também ocorrem progressivamente alterações nos tecidos moles de suporte adjacentes.

Isso é ainda mais evidente nos pacientes desdentados totais, ou seja, aqueles pacientes que perderam todos os dentes, e que são fortes candidatos a utilizarem dentaduras convencionais, caso não sejam submetidos a cirurgias reconstrutivas prévias às instalações de implantes dentários. Estas alterações evidenciam alguns aspectos de envelhecimento precoce, como por exemplo: aplanamento do céu-da-boca, colapso do lábio, boca funda e alterações nas linhas de expressão facial.

Vários fatores, como: cárie dentária, patologias bucais, doença periodontal, tratamentos ortodônticos mal sucedidos, traumatismo dento-alveolar (pancadas ou acidentes), entre outros, podem levar à perda dentária, e, consequentemente, a uma perda óssea em maior ou menor grau.

O processo de reabsorção óssea nos maxilares é progressivo, irreversível, crônico e cumulativo, apresentando uma taxa de reabsorção média de 25% no primeiro ano pós-extração e 0,2 mm a cada ano subsequente.
Para a instalação de implantes dentários é necessário que o volume ósseo tenha no mínimo 1 mm a mais que o diâmetro escolhido do implante, e desta forma não seja necessário a reconstrução óssea.

PERGUNTAS:

1.Portanto, em quais situações é necessária a utilização de enxerto ósseo?

a) Quando a quantidade óssea residual é insuficiente para a instalação de implantes dentários;
b) Para otimizar o resultado estético final e
c) Para obter vantagens biomecânicas com o tratamento com implantes dentários.

2.Quais são os tipos de enxerto ósseo e as áreas doadoras?

Há três tipos de enxerto ósseo: a)autógeno(autólogo) e b) homógeno (homólogo), c)heterógeno(heterólogo) . A)É o osso que tem como origem o osso do próprio paciente. Isto quer dizer que ele será retirado de outras partes do organismo chamadas de áreas doadoras. Existem áreas doadoras intra-bucais e extra-bucais. O que irá definir se o osso retirado será de dentro da boca ou de uma área fora da boca é a quantidade exigida para reposição óssea. Uma área referente até quatro dentes ausentes, pode ser recomposta com osso autógeno de área doadora intra-bucal. B) É o osso que tem como origem o osso de outra pessoa. Isto quer dizer que o osso é de um doador não vivo (cadáver). Geralmente, os bancos de ossos (osso homógeno) devem ser credenciados junto à Anvisa e não podem comercializar, ou seja não podem vender pois é proibida a venda de órgãos no Brasil. A aprovação pelo Ministério da Saúde e ANVISA, por meio da RDC n.º 220 de 27 de Dezembro de 2006, regulamenta a utilização do Banco de Tecidos para o cirurgião-dentista. Devem ser realizados testes imunológicos que irão definir a ausência de contaminação bacteriana, virótica ou de qualquer outro microorganismo. C) É o osso que tem como origem o osso de doador de outra espécie (não humano). Normalmente, a origem é bovina (animal boi). Vários fragmentos de osso bovino, tanto na área externa quanto interna (cortical e medular) que são esterilizados e processados para uso odontológico. São comercializados tanto como blocos porosos quanto particulados.

3.Qual o melhor enxerto ósseo?  

Dentre os 03 modelos disponíveis, cada um deles apresenta vantagens e desvantagens. Entretanto, baseando-se em revisão da literatura recente, as pesquisas são unânimes em afirmar que o osso autógeno é considerado “Padrão Ouro”, não sendo superado por nenhum outro tipo de biomaterial (material usado no organismo). Dessa forma, apesar de apresentar como única desvantagem a necessidade de se ter outra área cirúrgica, chamada de área doadora, o osso autógeno é recomendado sempre que possível, devido às suas propriedades vantajosas sobre os outros tipos de enxerto, como por exemplo, a osteogênese (possui células viáveis e capazes de induzir a neoformação óssea).

Mediante as alternativas de reconstrução óssea, é importante ressaltar que antes de se realizar qualquer planejamento no qual esteja envolvida uma cirurgia reconstrutiva, como o enxerto ósseo, o paciente deve ser submetido a uma criteriosa avaliação, envolvendo as seguintes etapas: avaliação médica geral, avaliação clínica do dentista (extrabucal e intrabucal), avaliação por imagens (radiográfica e tomográfica), Diagnóstico, Plano de tratamento interdisciplinar (com o auxílio de algumas áreas da odontologia, como a implantodontia, a prótese e a cirurgia, por exemplo). Para tal, em determinadas situações a reconstrução óssea promove uma melhora nas expressões faciais do terço inferior da face, em especial, nos sulcos nasogenianos e nasolabiais, associado às próteses sobre implantes recompõe aspectos estéticos faciais e orais.

 

Alexandre Dias

Cirurgião dentista formado pela UFRN, professor do curso de graduação e pós-graduação da UNP, coordenador do curso de especialização em prótese dentária da UNP, membro da Associação Latino-Americana de Osseointegração e diretor da clínica Oral Estética faz sua estreia no portal da revista Mais Estilo como colunista, trazendo semanalmente dicas, notícias, entre outras novidades sobre saúde bucal.

Reportagem publicada na Revista Mais Estilo.