A doença periodontal vem sendo associado com o parto pré-termo e o nascimento de recém-nascido com baixo peso, assim sendo, considerado um fator de risco para as mães acometidas desta enfermidade.  Embora haja esforços por parte dos médicos, das terapias e das intervenções da saúde pública para redução da prematuridade, sua incidência tem aumentado nas duas décadas. Essa variação nas taxas de prematuridade relatadas na literatura é notada pelas  infecções e idade materna das gestantes, diferenças geográficas, níveis socioeconômicos, fatores étnicos e pré-natal inadequado.  Pelos estudos que há na literatura, iremos demonstrar que existe uma íntima relação da doença periodontal com o parto prematuro.
O estudo pioneiro de Lôe e Silness, em 1963, descreve um dos índices clínicos mais usados na pesquisa odontológica, o índice gengival e delineia pela primeira vez a condição definida como gengivite gravídica

Em 1997, Offenbacher e colaboradores, ao realizarem um estudo observacional, mostraram ser verdadeira a relação entre os eventos. As mães com doença periodontal apresentaram risco 7,5 vezes maior de nascimentos prematuros com bebês de baixo peso. Em 2001, Fowler et al, afirmou que a periodontite  pode aumentar em até 7 vezes o trabalho de parto pré-termo. Corroborando com esse estudo, em 2001, Jeffcoat et al afirmaram que a infecção crônica periodontal  está associada ao nascimento de bebês prematuros.

Em 1999, Lõesch et al relataram em seu estudo a existência de uma infecção, que aumenta os niveis séricos de prostaglandinas, podendo precipitar as contrações uterinas e causar o trabalho de parto antes do tempo.  Douglas et al,, 2000. Fisiologia do parto, afirma que os mecanismos controladores das contrações uterinas são: Relação progesterona´estrogênio, cortisol, catecolaminas, estímulo colinérgico, íons cálcio, ocitocina, prostaglandinas e leucotrienos. Desta forma, associou-se a infecção na microbiota bucal com níveis aumentados de prostaglandinas.

Romero et al, 1989, foi mais além quando relataram que  a PG E2 e PG F2@ do fluido amniótico levam ao parto normal, enquanto a participação da Doença periodontal  no mecanismo do parto leva a alta concentração de PG E2, com conseqüente parto pré-termo.

Um dos fatores etiológicos da prematuridade seria também a infecção bacteriana, já conhecida há muito tempo. A infecção seria responsável pela ruptura prematura de membranas, sendo a causa mais comum de partos prematuros (Main, 1988; Spallicci et al, 2000). Peixoto, Goffi (1979); Hiller et al (1988); Mazor et al (1990 ); Gibbs et al (1992); Romero et al (1993); Hiller et al (1995); Carvalho et al (1997); Gomes, Abreu (2000); Spallicci et al (2000); Martins et al (2004) indicaram a relação das infecções clínicas ou subclínicas dos sistemas genital, urinario e amniótico como fatores determinantes do parto prematuro. Já Offenbacher, Beck (1998) observaram que, em alguns casos de partos prematuros, havia a presença de Corioamnionite histológica na ausência de vaginose ou qualquer outra infecção na área cervical. Assim, várias pesquisas foram realizadas no intuito de determinar de onde viriam as infecções.

É notório a importância de procurar sempre a prevenção no intuito de diminuir os índices de prematuridade na nossa população. Não é a toa que Segundo a Academia Americana de Periodontia (2004) “todas as mulheres grávidas ou que planejam uma gravidez devem se submeter a um exame periodontal. Medidas preventivas e terapêuticas apropriadas, se indicadas, devem ser efetuadas e podem ter um efeito benéfico na saúde de seus bebês”.  Portanto, é primordial que as mães gestantes procurem um especialista na área(periodontista), pois a partir do exame inicial se norteia todo o tratamento periodontal e a orientação de Higiene oral. Seria imprescindível fazer a manutenção da saúde periodontal antes, durante e após a gestação, o que mostraria o desígnio comum para uma gestação saudável.

Dr. Ricardo Dias