A necessidade de reposição de elementos dentais perdidos simplesmente para suprir estética ou até restabelecer função mastigatória de um indivíduo, data do período antes de Cristo. Os egípcios, no processo de mumificação de seus faraós, desenvolveram próteses esculpidas em marfim, osso ou mesmo ouro para restaurar a “boa aparência” de seus líderes.
O primeiro indício de uma reabilitação simples e unitária, sem presença de amarrilhas, sendo portanto o mais próximo do que podemos chamar de “implante”, vem da época dos incas. Esse elemento implantado era esculpido em osso e provavelmente colocado em meio oral por meio de marteladas.
Para explicarmos como esse tipo de reabilitação poderia ser considerada um implante, precisamos primeiramente definir o conceito de implante. “Um implante é qualquer material anelástico (inorgânico) que pode ser colocado no corpo humano em função ficando inerte (sem desenvolver inflamação) e sem promover troca de íons”. No exemplo dos incas, há evidências de que o elemento ficou em função pelo fato de que nele estava presente cálculo (tártaro), que é uma patologia que requer um certo tempo para se desenvolver.
A implantodontia moderna, porém, passou por inúmeras modificações para que pudéssemos chegar no que hoje conhecemos como implante dental. Por volta de meados dos anos 50, Per Ingvar Branemark, que é considerado o papa da implantodontia contemporânea, desenvolveu o pino rosqueável de titânio que é a apresentação que temos no mercado hoje em dia. É válido lembrar que as pesquisas do professor Branemark visavam uma reabilitação completa da arcada dentária, com próteses unidas por uma infra-estrutura metálica, as quais, através de um estudo retrospectivo, se mostraram muito confiáveis e de alta qualidade por permanecerem em função por mais de 25 anos.
Com isso, os implantes dentários se tornaram a coqueluche da odontologia sendo considerados erroneamente por alguns como a “terceira dentição”. Sabemos que essa terminologia não deve ser empregada devido às diversas diferenças entre um dente e um implante, porém essa prática veio auxiliar e muito o dia-a-dia do dentista. Com ele, é possível reabilitar pacientes que perderam desde um único elemento dental até os completamente desdentados, com próteses fixas ou removíveis, variando de acordo com a necessidade ou demanda do caso; sendo que a fixa sobre implante tem benefícios sobre a dental convencional, principalmente por não requerer desgaste aos dentes vizinhos. Além disso, mesmo uma prótese total (dentadura) pode ter sua retenção aumentada pela incorporação de dois implantes auxiliares à mecânica da mastigação.
Por ser uma técnica com alta previsibilidade, quando bem estudada e existir a indicação, pode-se lançar mão da colocação de um implante imediatamente após a extração de um dente, podendo até reabilitá-lo com a prótese no mesmo dia. Esse processo leva o nome de carga imediata e é o mais desejado pelos pacientes, mas vale lembrar aqui que não são todos os pacientes que são aptos a receber esse tipo de reabilitação.
Portanto isso mostra a confiabilidade no uso e a diversidade de maneiras de empregar um implante dentário, mas vale lembrar que qualquer tipo de técnica deve ser muito bem planejada para extrair o melhor resultado e um sorriso mais saudável e esteticamente perfeito para o paciente.
Dr. Daniel C. Coutinho
Implantodontista