Escrito por Dr. Alexandre Dias

Mau hálito ou halitose

O que é?

A halitose ou mau hálito é uma condição anormal do hálito que se altera de forma desagradável. A palavra halitose se origina do latim. “Halitu” significa ar expirado e “osi” alteração. É, portanto, o odor expirado pelos pulmões, boca e narinas. No Brasil, pesquisas realizadas revelam que aproximadamente 30% da população sofre com este problema, cerca de 50 milhões de pessoas. A halitose não é uma doença, mas pode denunciar a ocorrência de alguma patologia ou problema de saúde. Entretanto, pode também sinalizar alguma alteração fisiológica. Sendo assim, é um sinal de que algo no organismo está em desequilíbrio, devendo ser identificado através de um correto diagnóstico e tratado adequadamente quando o problema torna-se crônico.

O que causa?

Existem aproximadamente 60 causas distintas e, por este motivo, o mau hálito tem característica multifatorial, ainda que em mais de 90% dos casos sua origem se dá na cavidade bucal, acompanhada ou não de alterações sistêmicas. Pode ser de origem fisiológica (hálito da manhã, jejum prolongado, dietas descontroladas ou hábitos ou alimentação inadequada), devido a razões locais, como má higiene bucal, placas bacterianas retidas na língua (saburra lingual) ou amídalas (cáseos amidalianos), baixa produção de saliva (hipossalivação), doenças da gengiva, problemas em vias aéreas (adenóides, rinites, sinusites…), estresse ou mesmo por razões sistêmicas, dentre elas diabetes, problemas renais ou hepáticos, prisão de ventre acentuada e outros. O uso excessivo de medicações, fatores como o fumo, drogas, uso de bebidas alcoólicas e a utilização de soluções para bochecho com álcool na composição também são fatores que podem comprometer o hálito. Vale salientar que problemas relacionados ao estômago muito raramente interferem na condição do hálito alterado, o que por muito tempo, e até os dias de hoje, se constitui numa crença com pouca ou nenhuma evidência científica ou clínica.

Como evitar?

Realizar pequenas refeições a cada 03 horas, pois jejum prolongado pode comprometer seu hálito; Evitar alimentos que contribuam para o ressecamento bucal (muito salgados, quentes ou condimentados); Evitar o consumo excessivo de alimentos com odor carregado ou contendo enxofre em sua composição (ex: alho, cebola, picles, repolho, couve, brócolis…), gorduras e frituras em geral, de ação estimulante (café, refrigerantes tipo “cola”, achocolatados), ricos em proteínas (carne vermelha, leite e derivados), dentre outros; Ter uma dieta balanceada, incluindo uso de alimentos duros e fibrosos; Evitar álcool e fumo em excesso; Ingerir bastante líquidos com preferência para água (média de 2 litros/dia); Realizar adequada higiene bucal (incluindo limpeza da língua) e evitando o uso de soluções para bochecho com álcool na composição; Visitar o dentista semestralmente, prevenindo assim problemas dentários e gengivais (ex: tártaro, sangramentos…); Realizar exames de saúde geral (check-up) anualmente; Praticar atividades físicas; Reduzir o estresse.

Quais as consequências?

Na maioria das vezes, a simples presença de mau hálito pode provocar sérios prejuízos pessoais, emocionais e até profissionais. Além disso, o portador pode desenvolver verdadeiras neuroses, traumas sérios, gerando inclusive afastamento mesmo das pessoas próximas a ele. Os problemas sócio-emocionais mais comumente relatados são: insegurança ao se aproximar das pessoas ou ao falar, depressão, dificuldade em estabelecer relações amorosas e afetivas (entre o casal, entre pais e filhos, entre amigos e familiares em geral, etc), resistência ao sorriso, ansiedade, baixo desempenho profissional e / ou estudantil, queda da auto-estima e auto-confiança, além de outros fatores comprometedores. Entretanto, não á apenas a “saúde psicológica” do paciente que fica comprometida. No caso da halitose crônica, causada por fatores patológicos, por exemplo, há um real comprometimento da saúde física do paciente, com a existência de falhas ou alterações em determinado órgão ou sistema do portador. Isso mostra a importância em se identificar as causas da halitose e tratá-las adequadamente

Evolução científica

O estudo e as pesquisas científicas em torno do tema tomaram grande impulso no mundo e, em especial, no Brasil, no início da década de 90 com a identificação dos reais fatores responsáveis pelo comprometimento do hálito. Esse avanço se reflete nas crescentes pesquisas sobre o assunto, assim como no desenvolvimento de equipamentos e produtos específicos para medir determinados odores e para auxiliar no controle, prevenção e tratamento da halitose.

Fonte: Associação Brasileira de Halitose

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