Quando um indivíduo perde um ou mais dentes ocorrem mecanismos de reabsorção óssea, que levam às deficiências ou atresias maxilares, resultando nos defeitos em altura e/ou espessura óssea, na área onde ocorreu a perda dentária. Além de ocorrerem alterações ósseas, também ocorrem progressivamente alterações nos tecidos moles de suporte adjacentes.

Isso é ainda mais evidente nos pacientes desdentados totais, ou seja, aqueles pacientes que perderam todos os dentes, e que são fortes candidatos a utilizarem dentaduras convencionais, caso não sejam submetidos a cirurgias reconstrutivas prévias às instalações de implantes dentários. Estas alterações evidenciam alguns aspectos de envelhecimento precoce, como por exemplo: aplanamento do céu-da-boca, colapso do lábio, boca funda e alterações nas linhas de expressão facial.

Vários fatores, como: cárie dentária, patologias bucais, doença periodontal, tratamentos ortodônticos mal sucedidos, traumatismo dento-alveolar (pancadas ou acidentes), entre outros, podem levar à perda dentária, e, consequentemente, a uma perda óssea em maior ou menor grau.

O processo de reabsorção óssea nos maxilares é progressivo, irreversível, crônico e cumulativo, apresentando uma taxa de reabsorção média de 25% no primeiro ano pós-extração e 0,2 mm a cada ano subsequente.
Para a instalação de implantes dentários é necessário que o volume ósseo tenha no mínimo 1 mm a mais que o diâmetro escolhido do implante, e desta forma não seja necessário a reconstrução óssea.

Portanto, em quais situações é necessária a utilização de enxerto ósseo?
a) Quando a quantidade óssea residual é insuficiente para a instalação de implantes dentários;
b) Para otimizar o resultado estético final e
c) Para obter vantagens biomecânicas com o tratamento com implantes dentários.

Antes de se realizar qualquer planejamento no qual esteja envolvida uma cirurgia reconstrutiva, como a cirurgia de enxerto ósseo, o paciente deve ser submetido a uma criteriosa avaliação, envolvendo as seguintes etapas:
a) Avaliação médica geral
b) Avaliação clínica do dentista (extrabucal e intrabucal)
c) Avaliação por imagens (radiográfica e tomográfica)
d) Diagnóstico
e) Plano de tratamento interdisciplinar (com o auxílio de algumas áreas da odontologia, como a implantodontia, a prótese e a cirurgia, por exemplo).

Hoje, o profissional Implantodontista e o cirurgião bucomaxilofacial são habilitados a realizarem as cirurgias reconstrutivas de enxerto ósseo.
Quando o enxerto é removido do próprio paciente, ele é chamado de enxerto autógeno. As áreas doadoras (de dentro da boca) principais para a remoção de um bloco de osso autógeno são: o ramo ascendente da mandíbula (região posterior ao último dente na mandíbula), o túber da maxila (região posterior ao último dente na maxila) e a sínfise mentoniana (região do queixo). Existem outras áreas de fora da boca que também podem servir como áreas doadoras de osso, quais sejam: a calota do crânio (osso da cabeça), a crista do osso ilíaco (osso da bacia) e a tíbia (osso da perna), porém são áreas utilizadas quando se requer uma grande quantidade de osso, além da presença de profissionais médicos, em ambiente hospitalar, para realizarem a cirurgia, a anestesia e o preparo do paciente.

O enxerto autógeno, apesar de necessitar de cirurgia da área doadora, é o tipo de enxerto que é recomendado sempre que possível, devido às suas propriedades vantajosas sobre os outros tipos de enxerto, como por exemplo, a osteogênese (possui células viáveis e capazes de induzir a neoformação óssea).

Dr. Daniel Cunha Coutinho
Especialista em Implantodontia, FOP-UNICAMP.
Fonte: Reconstruções em Implantodontia – Protocolos clínicos para o Sucesso e Previsibilidade, Renato Mazzoneto.

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